O DIA EM QUE O DOURO DESAGUOU NO RIO DE JANEIRO

Hoje falo de uma experiência diferente.

Um amigo contou para um amigo, que contou para outro e a boa nova chegou aos meus ouvidos e então, num final de tarde do início do mês de abril, fomos em grupo a uma degustação de vinhos do Douro , logo ali perto de casa, no Rio de Janeiro.

Era um evento organizado pela revista A Essência do Vinho, uma publicação  especializada, com sede no Porto.

Fomos sem muitas expectativas, mas confiando no organizador, pois o evento não custava caro e em se tratando de vinhos, o preço de fato tem uma relação com a complexidade do produto.

No supermercado que costumamos fazer compras em Lisboa, a senhorinha que orienta as compras do setor de vinhos nos ensinou que, em regra, vinhos que giram “na casa” dos 13 euros serão muito provavelmente excelentes vinhos.

Mas fato é ficamos todos muito contentes com o que vivenciamos. Num salão relativamente pequeno no hotel Sheraton, pudemos degustar vinhos que representavam bem o que a região do Douro tem a oferecer.

O stand da Quinta do Crasto, uma vinícola da região de Sabrosa, através dos aromas, nos remeteu aos dias em que passávamos sossegados nossas férias no Porto.

Essa Quinta tem seus primeiros registros em 1615 e na propriedade é possível ver um dos 335 marcos mandados erguer pelo Marquês de Pombal , quando demarcou a região do Douro em 1758.

No início do século XX a Quinta foi adquirida por Constantino de Almeida que produzia os vinhos Constantino e desde então está nas mãos da mesma família.

Pois essa Quinta trouxe o vinho Roquette Cazes para a degustação. Esse vinho é o vinho de escolha de nosso amigo Renato.

O Roquette, como chamamos entre nós, é um projeto desenvolvido por dois amigos – Jorge Roquette, da Quinta do Crasto e Jean- Michel Cazes, do Chateau Lynch – Bages em Bordeaux, ou Bordéus, como falam os portugueses.

Aliás, não sei porque nós brasileiros  não “abrasileiramos” o nome também.

Xistoroquette cazesPois bem, da junção do “idioma” e sabores portugueses com o “sotaque” francês, surgiu o vinho XistoRoquette Cazes, que só é engarrafado em anos considerados excepcionais, e uns anos depois,  a dupla criou o Roquette Cazes, que tivemos o prazer de degustar no evento.

Esse segundo vinho em Portugal, por exemplo, custa uns 19 euros, em média. Por aqui, ui! Melhor nem comentar.

Apesar do “toque” francês, o Roquette é feito no Douro com as castas típicas, touriga nacional, touriga franca e tinta roriz.

Nesse stand também saboreamos o Reserva Vinhas Velhas da mesma vinícola, que para mim, foi a estrela da noite, em que pese toda a admiração pelo Roquette Cazes.

Mas o evento nos reservava ainda mais surpresas. Entre muita coisa boa, vinhos da Quinta da Romaneira, Churchill, Covela, Quinta de La Rosa, Casa Ferreirinha, Comporta, Santa Eufêmia, essa última com seu representante pra lá de simpático, que com muito orgulho exibia seus produtos. E ainda portos, com uma gama generosa, todos ali para se degustar e aprender.

Evento Essência do Vinho

Encontramos também um amigo do João dos tempos da faculdade de Direito representando um dos stands.

Conversa vai, conversa vem, ficamos sabendo que ele trocou o Direito pelas vinhas. Foi para Portugal produzir seu próprio vinho nas terras da família! Um sonho!

Numa próxima viagem ao Douro sem dúvida iremos conhecer o vinho desse amigo que trocou o mundo das leis pelo mundo dos vinhos.

Não sei quando a Essência do Vinho organizará outro evento assim, mas aos amantes do vinho, fiquem de olho, pois a qualidade é excelente e há menos multidão.

Uma tarde agradável quando o Douro desembocou aqui em praias cariocas.

Tim tim!

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