Pé na Estrada – Ponte de Lima

É com muita alegria que volto a este espaço para contar mais sobre minhas andanças por Portugal.

Como havia falado, viajamos para os festejos dos Santos populares no norte. Mas vou começar pelo passeio que fizemos a Ponte de Lima.

Dessa vez viajamos com dois casais de amigos. Alugamos um grande furgão tipo Scooby Doo. Acordávamos relativamente cedo e quando todos estavam prontos, pegávamos a estrada para conhecer vilas vizinhas ao Porto. Foi num desses passeios que fomos até Ponte de Lima.

Ponte de Lima, a bem da verdade, já havíamos visitado, mas os amigos ainda não conheciam. Mas mesmo para quem conhece, sempre vale a pena a visita a esta vila que dizem, é a mais antiga de Portugal.

Ao chegar lá, nossa primeira parada foi na torre da cadeia velha, parte que restou da antiga muralha do século XIV. No século XVI a torre foi adaptada para uso como prisão e é lá que atualmente se encontra a loja de turismo, onde podemos obter todos os tipos de mapas e informações sobre a cidade.

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Não podemos deixar de apreciar a ponte que dá nome à cidade. A ponte tem uma parte medieval, que se inicia na margem esquerda do rio e vai até a igreja de Santo Antônio e a ultrapassa ainda com dois arcos. A seguir existem mais cinco arcos do período romano, a partir do grande arco já em leito seco.  Abaixo podemos ver os alicerces da torre velha do período medieval.

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A parte romana da ponte data provavelmente do século I, pois foi nesse período que foi construída pelos romanos uma via militar que ligava Braga a Astorga, mandada abrir pelo Imperador Augusto.

À beira do rio estão representados uma legião de soldados romanos e na outra margem podemos ver o cônsul romano Decius Junis Brutos. Reza a lenda que esta legião marchava para guerrear os galaicos quando ainda não existia qualquer ponte no local. A legião ao se deparar com o rio acreditou que era o rio Lethes, o rio do esquecimento, que separava o mundo dos vivos do mundo dos mortos.

Não havia jeito de convencer os soldados a cruzarem o rio, até que Decius Junis Brutos tomou na mão o estandarte da legião e cruzou o rio com seu cavalo no ponto onde se encontra o marco romano indicador do melhor lugar de passagem.

Chegando ao outro lado do rio começou a chamar seus soldados pelo nome, provando que o rio Lima não era o Lethes e assim conseguiu que a legião prosseguisse seu caminho até Finisterre.

Ponte de Lima

Foi também em Ponte de Lima que comprei uma roupa minhota completa que hoje veste um manequim na minha sala em Gaia. Linda de ver!

A roupa eu comprei na Antiga Casa Rei, uma loja maravilhosa que fica na Rua da Porta Nova número 4. Lá pode-se comprar todo tipo de bordado feito com a maior habilidade pelas artesãs da região.

A roupa que comprei é predominantemente na cor vermelha, pois a cor de Ponte de Lima é sempre alegre. Outras vilas possuem outras cores, algumas vezes mais fechadas para o marrom.

A roupa de noiva tem uma curiosidade: é toda preta. Bordada, mas preta. Uma senhora com quem conversamos numa visita em outra ocasião, dizia que era preta por um certo luto, pois o casamento significava o fim do pouco de liberdade que as mulheres tinham antigamente, pois quando solteiras, ainda podiam passear com a mãe ou o pai e, quando casadas, ficavam mesmo todo o tempo dentro das casas.

Na Antiga Casa Rei fomos auxiliados pela nora da vendedora que se dispôs, com todo orgulho, vestir cada parte do traje para vermos como se vestia uma autêntica menina do Minho.

Ponte de Lima por certo tem ainda muito a mostrar para quem se deixar perder por suas ruelas.

Uma pérola muito pertinho do Porto.

Terminamos o nosso passeio e no dirigimos ao que se tornou a maior aventura da viagem, e diria mesmo o ponto alto de nosso passeio. Fomos almoçar no restaurante Bocados.

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João e eu tínhamos escutado falar do Bocados num programa de televisão português. Desde que saímos do Rio de Janeiro tínhamos como meta ir almoçar lá.

Explico: o Bocados não é um restaurante comum.

Começa que é na própria casa dos proprietários, a sra. Palmira e seu marido Zé Antonio.

Procuramos pelo Bocados na internet e pela informação que conseguimos, parecia que o restaurante funcionava à noite, o que para nós que estávamos em Vila Nova de Gaia parecia por demais ousado. Ligamos para o número de telemóvel e falamos direto com o Zé Antonio, que ainda não conhecíamos.

Dissemos que éramos 7 pessoas que queriam almoçar lá, na verdade éramos 6. Eu continuava fazendo a conta de 7 pela presença de nossa querida amiga Ana Paula que foi nos encontrar por um dia no Porto. Saiu de Abrantes só para nos dar um abraço! Mas nesse dia já havia retornado, embora meu pensamento ainda contava com ela.

Pois o Zé Antonio disse que podíamos ir. Que era só marcar a hora que o restaurante abria para o grupo.

Mas o que o Bocados tem de tão especial?

Você chega lá sem saber o que vai comer. Não há menu. Palmira e Zé Antonio vão preparar o que estiver melhor na horta e no mercado no dia.

O preço é fixo por pessoa e você então entra num ambiente mais que charmoso, com a melhor música portuguesa tocando ao fundo de forma sutil, e aguarda as iguarias preparadas por Palmira, que o Zé Antonio vem trazendo para a mesa aos poucos, cada prato na sua vez, cada vez um encanto.

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Me senti no banquete de Babete!

E se alguém não gostar de uma coisa ou outra, não há aperto, pois o almoço tem uma infinidade de pratos – bacalhau, aspargos, cogumelos, carne, dentre outras iguarias. Sem dúvida há oportunidade para agradar os mais variados gostos. E os pratos, quando é o caso, vem servidos em marmitas típicas dos trabalhadores da região, umas panelinhas muito bonitinhas. Um charme só!

O Zé Antonio tem ainda uma vasta carta de vinhos e sabe sugerir vinhos que fogem ao comum. Provamos um touriga nacional maravilhoso que ainda não conhecia, o PURO, da Quinta da Touriga, de J. Rosas.

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E a conversa do casal é ótima. Ao final Palmira nos honrou com sua presença na mesa e conversa vai, conversa vem, convidei os dois para um almoço na minha casa de Gaia nas férias de fim de ano. E eles aceitaram!!!!

Em dezembro sou eu que vou para a cozinha para continuarmos a conversa e estreitarmos uma amizade e afeição que começou nessa especial casa da região de Ponte de Lima.

Espero não fazer feio! Depois conto aqui o resultado.

Recomendo fortemente essa experiência de fazer uma refeição no Bocados! Um passeio diferente e especial numa casa portuguesa na Rua de São Mamede de Arca 86 em Ponte de Lima.

Para quem quiser, segue o telefone para reservas: +351 963804215  +351 258942501

Também vale a pena dar uma olhada no site deles, basta clicar aqui

 

2 comentários Adicione o seu

  1. Sabrina Dietzold disse:

    Que delícia, salivei…😋

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  2. Maria Helena Pessoa de Mello disse:

    Maravilha!!

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